segunda-feira, 7 de maio de 2012

Parlamento Grego.

Pela 1ª vez, partido ultranacionalista deve ter representação no Parlamento grego

Líder do Amanhecer Dourado anuncia início de 'revolução' contra ' traidores' e rejeita rótulo neonazista

iG São Paulo | - Atualizada às
O partido ultranacionalista e anti-imigração Amanhecer Dourado deve conquistar espaço no Parlamento da Grécia pela primeira vez na história do país. De acordo com os resultados preliminares da eleição parlamentar realizada no domingo, a legenda teve entre 5% e 7% dos votos, um aparente reflexo da insatisfação dos eleitores em relação à coalizão de governo que apoia duras medidas de austeridade para combater a crise econômica.
O líder do partido, Nikolaos Michaloliakos, anunciou o início de uma “revolução” contra a coalizão de governo, cujos integrantes classificou de “traidores” e responsáveis pela crise. “Eles nos caluniaram, jogaram lama contra nós, nos impediram de aparecer na imprensa, nos canais de TV da elite corrupta – mas nós vencemos”, afirmou Michaloliakos, 55 anos, em entrevista à Associated Press. “A revolução nacional dos gregos começou contra aqueles que querem nos vender, nos saquear.”
Leia também: Coalizão de governo da Grécia perde maioria no Parlamento
Foto: AP O líder do partido ultradireitista Amanhecer Dourado, Nikolaos Michaloliakos, concede entrevista em Atenas (06/05)
Na Grécia, partidos políticos precisam ter mais de 3% dos votos para entrar no Parlamento. O sistema de proporcionalidade permitiria que o Amanhecer Dourado tivesse cerca de 20 entre as 300 cadeiras disponíveis, ganhando representação pela primeira vez desde o fim do regime militar, em 1974. Na última eleição parlamentar, em 2009, o Amanhecer Dourado conseguiu apenas 0,29% dos votos.
Uma das principais bandeiras do país é a luta contra a imigração. Na televisão, um anúncio do Amanhecer Dourado sobre imigrantes tinha o seguinte slogan: “Vamos livrar o país do mau cheiro.” Seus partidários são comumente vistos intimidando imigrantes na capital do país, vestidos com camisas pretas que estampam um emblema parecido ao de uma suástica.
O partido, porém, nega o rótulo de neonazista, dizendo-se ultranacionalista e explicando que o emblema é um antigo símbolo grego que significa "bravura e luta sem fim”. Fundado em 1993, o partido é acusado de ter vínculo com movimentos neonazistas europeus e com integrantes da junta militar deposta em 1974.
O Amanhecer Dourado ganhou forças nas eleições municipais de 2010, quando Michaloliakos foi eleito vereador de Atenas, com até 20% dos votos em alguns bairros. Durante uma assembleia, ele causou furor ao fazer uma saudação nazista.
Em entrevista coletiva neste domingo, Michaloliakos prometeu lutar por uma Grécia “independente e livre”. “Nenhum bom cidadão precisa ter medo de mim. Quanto aos traidores, não sei”, afirmou. “Estamos chegando e vamos lutar para libertar a Grécia dos tubarões globais, por uma Grécia de dignidade e independência, por uma Grécia que não seja uma selva social com esses milhões de imigrantes ilegais.”
Eleição
Os dois partidos da coalizão de governo na Grécia, que apoiam medidas rigorosas de controle fiscal, perderam a maioria que tinham no Parlamento grego nas eleições gerais de domingo.
Com quase todos os votos apurados, o partido de centro-direita Nova Democracia aparece à frente com 19% - bem abaixo dos 33,5% obtidos nas eleições de 2009. A coalizão de partidos de esquerda Syriza - que se opõe às medidas de austeridade fiscal do atual governo - acumula a segunda maior votação, com 16,7%.
O outro partido da coalizão, o socialista Pasok, ficou apenas em terceiro lugar, com 13,3% dos votos (nas eleições anteriores, havia sido o partido mais votado, com 43,9%).
O líder do Nova Democracia, Antonis Samaras, afirmou que pretende formar um governo de salvação nacional para manter o país na zona do euro, mas acrescentou que planeja "adicionar emendas" ao polêmico acordo acertado para a liberação do pacote de ajuda da União Europeia e do FMI.
O líder do partido Esquerda Democrática, Fotis Kouvelis, disse à Reuters que seu partido não vai aceitar se juntar a nenhuma coalizão com o PASOK ou o Nova Democracia.
"Descartamos participar de um governo PASOK-Nova Democracia", disse Kouvelis após um encontro do partido para definir sua estratégia. "Podemos participar de um governo de coalizão com outras forças progressivas", disse ele, referindo-se a outros partidos de esquerda que juntos não têm assentos suficientes no Parlamento para obter maioria.
Com AP e informações do “The Telegraph”

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